VEG https://veg.blogfolha.uol.com.br Um blog sobre gastronomia vegetariana Thu, 01 Nov 2018 19:28:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como ser vegetariano e estragar um almoço em família https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/10/04/como-ser-vegetariano-e-estragar-um-almoco-em-familia/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/10/04/como-ser-vegetariano-e-estragar-um-almoco-em-familia/#respond Thu, 04 Oct 2018 20:10:50 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/27112164033_380edb23e1_b-150x150.jpg https://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1803 Almoço de domingo. Família reunida, a vó com sete quilos de macarrão na travessa. Cerveja barata na lata. As crianças correndo tudo. “Vem comer, menino.”

E eis que, no momento de ser servir, o crime acontece. Sorrateiramente, alguém lembra que você não come carne. “Fulano não tá comendo carne agora, vó”

Alguém desconfia, acusa fake news. Todos os tios e tias da mesa se encarregam da checagem.

“Sim, eu virei vegetariano”.

Está em curso a importunação carnívora.

Para você, jovem vegetariano que ainda não decorou todos os desdobramentos dessa discussão, seja em casa, no trabalho ou no jantar com os amigos, conto cinco frases que aparecerão -100% de certeza–  e como se esquivar com classe, estragando qualquer evento social com destreza única:

 

1 “Mas come o que então?”

Vamos lá, para quem fugiu da escola: temos o reino animal e o vegetal (e outros que não importam aqui). Basicamente comemos quatro espécies de animais: peixes, porcos, bois, frangos e cabras. Entre variações de raças e famílias, são basicamente estes animais que compõem a alimentação humana num grande centro urbano brasileiro.

Em contrapartida, existem cerca de 300 mil vegetais comestíveis no mundo, dos quais só consumimos 200. Pronto.

 

2 “Ah mas e a soja que você come, que desmata e usa agrotóxico?”

Respire fundo e pausadamente e proponha uma reflexão: “mas e a soja que VOCÊ come?”

Segundo a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja ), cerca 80% da soja nacional vira farelo para alimentar animais, os outros 20% viram óleo -a proteína de soja é um subproduto do que sobra da soja após a extração e nem entra na estatística, pois o volume de produção é desprezível no mercado.

Comer carne é que traz problemas com a soja, não o tofu.

 

3 “E as proteínas, tira da onde?”

Explique para sua tia que a carne não é a única fonte de proteína no mundo. Oleaginosas (sementes que crescem em vagens) como feijões, a amaldiçoada soja e ervilhas são riquíssimas em proteína. Castanhas também são uma boa opção e ainda têm alguns minerais bastante importantes, como manganês, selênio e cálcio.

A chave de uma alimentação saudável é a diversidade. Pratos coloridos, com vegetais de vários tipos, vale mais do que qualquer multivitamínico de farmácia.

 

4 “E se a galinha fosse criada solta, bem tratada, você comeria?”

Vou contar uma historinha, uma parábola.

O seu sobrinho imaginário, Henriquinho, é uma criança saudável e bem nutrida. Henriquinho tem muitos amigos, mora numa casa com um quintal enorme, faz natação e judô. Kumon às quintas.

Seu vizinho, Almeida, é um sujeito sensacional. Separa o lixo, anda de bicicleta, só usa roupas de algodão puro e decorou a casa só com móveis de pallets. Grande sujeito, o Almeida, que tem um açougue.

Um dia Almeida chega na sua casa, sempre muito gentil e diz: “Vamos matar o Henriquinho e vender seus pedaços lá na firma.”

Você se assusta, mas ele garante: O pequeno Henrique viveu feliz e vai morrer sem dor.

À noite, antes de deitar, Henriquinho toma um leite morno com calmantes e desmaia. Almeida aplica uma anestesia geral, seguida de um medicamento que provoca parada cardíaca.

Constatada a morte, penduram Henriquinho pelos pés e lhe cortam a garganta, até sair todo o sangue. “Melhora a maciez da carne”, explica o Almeida (grande sujeito!).

Sua mulher fica furiosa, pois suja todo o piso de pinus, mas Henriquinho viveu feliz e morreu sem dor.

Importa? Faz sentido? É menos absurdo? Não.

O bem-estar animal é o maior golpe publicitário da indústria da carne. Criar animais livres e felizes para depois arrancar-lhes a vida não muda, em absoluto, o fato de que isso é um assassinato.

 

5 “Ah, mas não é gente, é bicho”

Adoro analogias, vamos a mais uma. Em uma região da Terra, existe um mineral capaz de curar terríveis doenças e ser utilizado como combustível para ir a Marte. Mas, vivendo acima deste precioso minério, há um grupo de animais selvagens.

Esses animais não tem nossa capacidade de compreensão do mundo, não vivem em famílias como nós, não usam as tecnologias que nós usamos, não se comunicam como nós. Você mataria esses animais para poder extrair o minério?

Sim? Parabéns, você acaba de exterminar uma tribo indígena, mulheres e crianças, só porque eles são diferentes de você. Cara, você é uma pessoa horrível.

Dizer que um animal não tem direito à vida e à liberdade e criar uma prática sistemática de escravidão e genocídio só porque eles são de outra espécie é um tipo de preconceito, indefensável pela lógica e por argumentos éticos, chama-se Especismo.

Uma galinha não se comunica como nós, não vive socialmente como nós, não tem nossa capacidade cognitiva. O que faz dela um animal alijado do mais básico direito à existência?

Esse é o momento do silêncio à mesa. Parabéns, você estragou o almoço de domingo.

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Aprenda a fazer leite de castanhas e nunca mais compre pronto https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/aprenda-a-fazer-leite-de-castanhas-e-nunca-mais-compre-pronto/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/aprenda-a-fazer-leite-de-castanhas-e-nunca-mais-compre-pronto/#respond Fri, 29 Jun 2018 01:36:03 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/BHi_j0108-150x150.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1738 Quando o boom do vegetarianismo chegou ao Brasil, no começo dos anos 2000, os leites vegetais à base de soja pipocaram nas prateleiras do supermercado. Tão prático como qualquer leite em caixinha, apareciam tanto na versão “natural” –na verdade, saborizados com aroma artificial de baunilha– até em sucos de frutas, achocolatado e etc. A indústria exagerou, em algum momento parecia que o mundo ia acabar em soja. O fato é que a moda da soja, no Brasil e lá fora, não durou muito pelo pecado do excesso.

Apesar de ser rico em proteínas, a soja não tem a melhor digestibilidade do mundo vegetal e o gosto é bastante marcante, seja o da própria soja, seja o do aromatizante de baunilha usado para disfarçar o gosto da soja. Isso dificulta seu uso em receitas.

A nova onda depois da soja foi o arroz. Marcas importadas chegaram ao país com um valor quase três vezes maior do que os derivados de soja. Apareceram também versões em creme, para a alegria dos cozinheiros. Não fez o mesmo sucesso, talvez pelo preço.

Em seguida, uma nova onda começou nos Estados Unidos, bateu na Europa e chegou aqui: o leite de castanhas.

O leite de amêndoas é onipresente nas prateleiras veganas dos EUA, lá também são bem populares o leite de avelã (com um gosto bem marcado) e o leite de sementes de cânhamo, adoradas pelos atletas veganos.

No Brasil, essa novidade chega com uma vantagem imensa: somos um dos maiores produtores de caju no mundo. É justamente a castanha que “dá” o melhor leite. O leite da noz de caju tem um sabor suave, pouco marcante e tem uma consistência bem parecida com a do leite da pobre vaca.

Já tem marca brasileira fazendo o leite em caixinha. Mas a receita é tão simples e rápida, que você precisa ser muito preguiçoso para recorrer aos prontos.

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Coloque meio copo de castanha-de-caju (ou amêndoas) –vale dizer: sem sal– de molho em um copo d’água e deixe descansar da noite para o dia (umas seis horas, não passe de 12).

Escorra e descarte essa água.

Bata com 200ml de água. Você pode variar a proporção, usando mais castanha e menos água para um leite mais grosso.

Segredinho: utilize água quente e adicione uma colher de aveia em flocos ou uma colher pequena de linhaça na hora de bater. O amido da aveia ou o óleo da linhaça vão adicionar uma consistência mais interessante.

Coe em uma peneira fina ou pano.

O resíduo de castanha triturada fica uma delicia misturada em bolinhos de arroz frito. Eu também gosto de refogar com cebola e tomate, feito um purê.

Pronto, agora você pode tomar seu leitinho de manhã sem ficar pobre.

 

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Cresce o número de brasileiros que se declaram vegetarianos https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/05/21/cresce-o-numero-de-brasileiros-que-se-dizem-vegetarianos/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/05/21/cresce-o-numero-de-brasileiros-que-se-dizem-vegetarianos/#respond Mon, 21 May 2018 19:00:53 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/1280px-Vegetable_Market_Unsplash-150x150.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1723 A SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) publicou os resultados de uma pesquisa encomendada ao instituto Ibope em que 14% dos entrevistado se declaram vegetarianos. Foram entrevistadas 2.000 pessoas, em 142 cidades.

Ao confrontarem a afirmação “Sou vegetariano”, 8% responderam que concordam totalmente e 6% parcialmente. A pesquisa já havia sido feita em 2012, quando a porcentagem de vegetarianos atingiu 8%. Os vegetarianos hoje são 17%  no Nordeste, 15% no Sudeste, 10% no Sul, e 13% no Norte e Centro-Oeste.

Entre os entrevistados, independentemente de se considerarem vegetarianos ou não, 55% concordam que consumiriam mais produtos veganos se eles tivessem indicações mais claras na embalagem, o que joga luz à rotulagem de alimentos vegetarianos, hoje não-obrigatória, nem regulamentada.

Outro ponto interessante da pesquisa Ibope é a percepção de qualidade desse tipo de produto, o que pode indicar o fim de um certo preconceito com a comida saudável no país. Para 49%, os produtos veganos podem ter a mesma qualidade dos de origem animal.

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Folha lança blog sobre gastronomia vegetariana https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/05/12/folha-lanca-blog-sobre-gastronomia-vegetariana/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/05/12/folha-lanca-blog-sobre-gastronomia-vegetariana/#respond Sat, 12 May 2018 03:05:02 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1713 Olá, a partir de hoje os vegetarianos e interessados passam a ter (novamente) um canal na Folha para se informar melhor do que acontece nesse meio.

Me apresento: Ricardo Ampudia, jornalista, vegetariano há 17 anos, magro de ruim e daqueles críticos bem chatos quanto o assunto é comida. Mas, talvez o meu conceito de comida não seja o mesmo de todo mundo.

Na adolescência, aquela época da vida em que todo mundo se questiona sobre tudo, parei para me perguntar: será que é certo? Será que dá pra ser diferente?

Dava, mas era difícil. No começo dos anos 2000, as opções se limitavam a carne de soja em flocos e um pó quase insolúvel para imitar o leite. Era difícil abrir mão do hambúrguer e do chocolate. Comi muita coisa ruim fingindo que era bom, por pura militância.

Os tempos hoje são outros. Pululam pelas cidades hamburguerias, pizzarias, sorveterias, docerias, cafés e até rodízio de sushi, sem nenhum bicho morto.

Os supermercados também assistiram a uma explosão de marcas de todo tipo de substituto de queijo, leite e carne. Sério, ser vegetariano hoje em dia é muita moleza.

Mas um mercado que começa a saturar, também começa a entregar mal. Tem muita gente por aí fazendo aquele mesmo hambúrguer insosso de soja e cobrando caro, como se fosse juntar farinha com água fosse uma refinada técnica gastronômica. Falta crítica, do público e do jornalismo.

Eu vou me empenhar neste blog para cobrir a última lacuna: descobrir as novidades, falar com os chefs que estão criando de verdade, dissecar umas polêmicas e até trocar uma receitinha. Um pouco do que já tenho escrito aqui na Folha você pode ler na seção Veg, do Guia. 

Vocês cobrem a outra, comendo e participando.

Nos vemos sempre.

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