VEG https://veg.blogfolha.uol.com.br Um blog sobre gastronomia vegetariana Thu, 01 Nov 2018 19:28:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como ser vegetariano e estragar um almoço em família https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/10/04/como-ser-vegetariano-e-estragar-um-almoco-em-familia/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/10/04/como-ser-vegetariano-e-estragar-um-almoco-em-familia/#respond Thu, 04 Oct 2018 20:10:50 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/27112164033_380edb23e1_b-150x150.jpg https://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1803 Almoço de domingo. Família reunida, a vó com sete quilos de macarrão na travessa. Cerveja barata na lata. As crianças correndo tudo. “Vem comer, menino.”

E eis que, no momento de ser servir, o crime acontece. Sorrateiramente, alguém lembra que você não come carne. “Fulano não tá comendo carne agora, vó”

Alguém desconfia, acusa fake news. Todos os tios e tias da mesa se encarregam da checagem.

“Sim, eu virei vegetariano”.

Está em curso a importunação carnívora.

Para você, jovem vegetariano que ainda não decorou todos os desdobramentos dessa discussão, seja em casa, no trabalho ou no jantar com os amigos, conto cinco frases que aparecerão -100% de certeza–  e como se esquivar com classe, estragando qualquer evento social com destreza única:

 

1 “Mas come o que então?”

Vamos lá, para quem fugiu da escola: temos o reino animal e o vegetal (e outros que não importam aqui). Basicamente comemos quatro espécies de animais: peixes, porcos, bois, frangos e cabras. Entre variações de raças e famílias, são basicamente estes animais que compõem a alimentação humana num grande centro urbano brasileiro.

Em contrapartida, existem cerca de 300 mil vegetais comestíveis no mundo, dos quais só consumimos 200. Pronto.

 

2 “Ah mas e a soja que você come, que desmata e usa agrotóxico?”

Respire fundo e pausadamente e proponha uma reflexão: “mas e a soja que VOCÊ come?”

Segundo a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja ), cerca 80% da soja nacional vira farelo para alimentar animais, os outros 20% viram óleo -a proteína de soja é um subproduto do que sobra da soja após a extração e nem entra na estatística, pois o volume de produção é desprezível no mercado.

Comer carne é que traz problemas com a soja, não o tofu.

 

3 “E as proteínas, tira da onde?”

Explique para sua tia que a carne não é a única fonte de proteína no mundo. Oleaginosas (sementes que crescem em vagens) como feijões, a amaldiçoada soja e ervilhas são riquíssimas em proteína. Castanhas também são uma boa opção e ainda têm alguns minerais bastante importantes, como manganês, selênio e cálcio.

A chave de uma alimentação saudável é a diversidade. Pratos coloridos, com vegetais de vários tipos, vale mais do que qualquer multivitamínico de farmácia.

 

4 “E se a galinha fosse criada solta, bem tratada, você comeria?”

Vou contar uma historinha, uma parábola.

O seu sobrinho imaginário, Henriquinho, é uma criança saudável e bem nutrida. Henriquinho tem muitos amigos, mora numa casa com um quintal enorme, faz natação e judô. Kumon às quintas.

Seu vizinho, Almeida, é um sujeito sensacional. Separa o lixo, anda de bicicleta, só usa roupas de algodão puro e decorou a casa só com móveis de pallets. Grande sujeito, o Almeida, que tem um açougue.

Um dia Almeida chega na sua casa, sempre muito gentil e diz: “Vamos matar o Henriquinho e vender seus pedaços lá na firma.”

Você se assusta, mas ele garante: O pequeno Henrique viveu feliz e vai morrer sem dor.

À noite, antes de deitar, Henriquinho toma um leite morno com calmantes e desmaia. Almeida aplica uma anestesia geral, seguida de um medicamento que provoca parada cardíaca.

Constatada a morte, penduram Henriquinho pelos pés e lhe cortam a garganta, até sair todo o sangue. “Melhora a maciez da carne”, explica o Almeida (grande sujeito!).

Sua mulher fica furiosa, pois suja todo o piso de pinus, mas Henriquinho viveu feliz e morreu sem dor.

Importa? Faz sentido? É menos absurdo? Não.

O bem-estar animal é o maior golpe publicitário da indústria da carne. Criar animais livres e felizes para depois arrancar-lhes a vida não muda, em absoluto, o fato de que isso é um assassinato.

 

5 “Ah, mas não é gente, é bicho”

Adoro analogias, vamos a mais uma. Em uma região da Terra, existe um mineral capaz de curar terríveis doenças e ser utilizado como combustível para ir a Marte. Mas, vivendo acima deste precioso minério, há um grupo de animais selvagens.

Esses animais não tem nossa capacidade de compreensão do mundo, não vivem em famílias como nós, não usam as tecnologias que nós usamos, não se comunicam como nós. Você mataria esses animais para poder extrair o minério?

Sim? Parabéns, você acaba de exterminar uma tribo indígena, mulheres e crianças, só porque eles são diferentes de você. Cara, você é uma pessoa horrível.

Dizer que um animal não tem direito à vida e à liberdade e criar uma prática sistemática de escravidão e genocídio só porque eles são de outra espécie é um tipo de preconceito, indefensável pela lógica e por argumentos éticos, chama-se Especismo.

Uma galinha não se comunica como nós, não vive socialmente como nós, não tem nossa capacidade cognitiva. O que faz dela um animal alijado do mais básico direito à existência?

Esse é o momento do silêncio à mesa. Parabéns, você estragou o almoço de domingo.

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Folha lança blog sobre gastronomia vegetariana https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/05/12/folha-lanca-blog-sobre-gastronomia-vegetariana/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2018/05/12/folha-lanca-blog-sobre-gastronomia-vegetariana/#respond Sat, 12 May 2018 03:05:02 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1713 Olá, a partir de hoje os vegetarianos e interessados passam a ter (novamente) um canal na Folha para se informar melhor do que acontece nesse meio.

Me apresento: Ricardo Ampudia, jornalista, vegetariano há 17 anos, magro de ruim e daqueles críticos bem chatos quanto o assunto é comida. Mas, talvez o meu conceito de comida não seja o mesmo de todo mundo.

Na adolescência, aquela época da vida em que todo mundo se questiona sobre tudo, parei para me perguntar: será que é certo? Será que dá pra ser diferente?

Dava, mas era difícil. No começo dos anos 2000, as opções se limitavam a carne de soja em flocos e um pó quase insolúvel para imitar o leite. Era difícil abrir mão do hambúrguer e do chocolate. Comi muita coisa ruim fingindo que era bom, por pura militância.

Os tempos hoje são outros. Pululam pelas cidades hamburguerias, pizzarias, sorveterias, docerias, cafés e até rodízio de sushi, sem nenhum bicho morto.

Os supermercados também assistiram a uma explosão de marcas de todo tipo de substituto de queijo, leite e carne. Sério, ser vegetariano hoje em dia é muita moleza.

Mas um mercado que começa a saturar, também começa a entregar mal. Tem muita gente por aí fazendo aquele mesmo hambúrguer insosso de soja e cobrando caro, como se fosse juntar farinha com água fosse uma refinada técnica gastronômica. Falta crítica, do público e do jornalismo.

Eu vou me empenhar neste blog para cobrir a última lacuna: descobrir as novidades, falar com os chefs que estão criando de verdade, dissecar umas polêmicas e até trocar uma receitinha. Um pouco do que já tenho escrito aqui na Folha você pode ler na seção Veg, do Guia. 

Vocês cobrem a outra, comendo e participando.

Nos vemos sempre.

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Fim da feira https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/06/16/fim-da-feira/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/06/16/fim-da-feira/#respond Thu, 16 Jun 2016 03:00:46 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1700 Este blog não é mais. O “Veg” teve 153 textos em quase dois anos, algum retorno positivo (mais do que eu esperava), algum negativo (mais do que eu esperava). Mas é hora de dar tchau.

As publicações continuarão no ar, e a página no Facebook continuará a ser tocada. Conversemos por lá.

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‘Seja vegano, não seja chato’ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/06/01/seja-vegano-nao-seja-chato/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/06/01/seja-vegano-nao-seja-chato/#respond Wed, 01 Jun 2016 18:58:49 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2016/06/vegano-180x108.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1689 No estilo Alborghetti ou Away Nilzer (mantendo a distância dos temas ou posicionamentos políticos), o videologger vegano Flavio Giusti lançou recentemente em vídeo (o primeiro de sua série “vegetaritreta”) uma crítica a alguns adeptos da causa e à mentalidade e à prática contraproducentes que eles adotam: a do “veganismo ortodoxo”.

É um tema recorrente –leia o post de maio deste blog, relacionado– e triste. Em resumo, o problema é que alguns vegetarianos consideram não só sua dieta ou estilo de vida superior aos dos que fazem diferente, mas também atacam estes.

(O vídeo contém impropérios –mais precisamente, 30 deles)

Difícil precisar se um “contra-ataque”, caso deste vlog de Giusti, tem efeitos que contribuem para levar adiante ou ampliar o acesso à consciência vegana. Mas certamente dá voz aos que costumam ser o alvo do ataque (leia na seção de comentários do vídeo no YouTube), que muitas vezes são vegetarianos em transição rumo ao veganismo.

Mais difícil ainda é imaginar que alguém “mais monarca que o rei” possa pragmaticamente dar uma contrbuição dessa forma, desmoralizando quem ainda não chegou no mesmo patamar de atitude que ele. Como pontua Giusti é possível que o verdadeiro objetivo dessas pessoas –o de inflar o próprio ego ao pisar em alguém “menor”, “mais fraco” ou “menos certo”– seja alcançado.

Qual a necessidade da moderação? Na minha opinião, é nítido que, a fim de evitar o sofrimento de animais e de proteger o ambiente, melhor um ovolactovegetariano do que alguém que come também carne. O objetivo é uma existência mais digna, para a humanidade e para os demais bichos. O mecanismo é o boicote: reduzir a demanda por itens dispendiosos e supérfluos dos pontos de vista nutricional e (subjetivamente) palatal a fim de evitar que mais um dos animais seja morto, e que menos deles destruam ecossistemas durante sua criação.

Por outro lado, há que se pensar sobre o possível lado positivo do “radicalismo”. Um artigo intitulado “Em defesa do extremismo”, o editor da revista americana “Dissent”, Michael Kazin, defende que, em determinados casos, o radicalismo foi historicamente produtivo. Apesar de não mencionar o vegetarianismo –as sim a abolição à escravatura, implementação do sufrágio universal e outros– argumenta:

O extremismo é a moeda da convicção, seja esta virtuosa ou maligna. Ele força aquele que está em cima do muro a destruir o contraventor ou a adaptar-se a ele

(O termo traduzido para “contraventor” é originalmente “disrupter”, ou aquele que rompe. Dependendo do ponto de vista, poderia ser interpretado como a “vanguarda”, linha de frente)

(Vale dizer que a escravidão e os privilégios masculinos eram outrora dissensos por ampla margem, tal qual o vegetarianismo hoje. Esse é um artifício pouco raro em argumentações pró-veganismo e pelo fim do especismo)

É claro que extremismo tem definição frouxa e, dependendo do opinante, não incluiria o ativismo agressivo (no caso, um exemplo seria o “terrorismo virtual” com publicação de imagens do abate sangrento dos animais) ou a ortodoxia, obstinação (refletidas nos ataques aos vegetarianos “impuros”).

Giusti, um poeta dos anos 10 (tive de buscar “pau na lomba” no Google), diz: “O problema é que estamos nos focando uma coisa que nem é para focar: em vegano, em veganismo. E o foco são os animais. Eles é que merecem o nosso respeito.”

Em um mea-culpa, devo dizer que tenho, de fato, o sentimento de que o estilo de vida vegano é “melhor”, no sentido de “mais correto” ou “menos danoso”. E que discrimino, ou “julgo mal”, os que não são dele partidários. Esse foi e é um dos motivos para que eu começasse a caminhar nessa direção.

É um pensamento que tento anular, quase sempre com pouco sucesso, mas que não se reflete (que perceba) em atitude. Pode ser a única coisa que eu teria a adicionar ao vídeo de Giusti –o teor do vlog dá a entender que “o inferno são os outros”. Mas é provável que sejamos, em diferentes graus e cores, os outros.

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Encontro Vegano terá ‘festival de queijos’ neste domingo em SP https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/05/18/encontro-vegano-tera-festival-de-queijos-neste-domingo-em-sp/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/05/18/encontro-vegano-tera-festival-de-queijos-neste-domingo-em-sp/#comments Thu, 19 May 2016 00:44:42 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2016/05/IMG_3092_vegano10-180x101.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1685 Um evento voltado ao público vegano, que será realizado no domingo (22) pela JMA J’Adore Mes Amis, terá como atração principal um “festival de queijos” de origem vegetal, com oficina e degustação, além de produtos em si à venda.

Sedia o Encontro Vegano a Associação Hokkaido, situada na V. Mariana, zona sul paulistana, a partir das 10h, com sessões de meditação e de ioga para começar o dia, em final de semana de Virada Cultural.

A programação inclui palestras sobre direitos dos animais e outras oficinas de culinária vegetariana, além de apresentações musicais. Segundo a organização, todo produto (alimentos, cosméticos, vestuário e acessórios) vendido durante o encontro é vegano.

A palestra sobre leites e queijos vegetais será realizada pela culinarista Vivian Arruda entre as 12h30 e as 14h15. A Casa da Coxinha Vegana e a Manioc são duas das empresas que terão produtos à venda.

Haverá arrecadação de doações de ração para santuários que cuidam de animais abandonados.

ENCONTRO VEGANO
Domingo (22 de maio), das 10h às 20h
Associação Hokkaido – R. Joaquim Távora, 605, Vila Mariana (sul), São Paulo
Grátis

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Donos de restaurante vegano nos EUA dizem ter recebido ameaças por voltar a comer carne https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/05/07/donos-de-restaurante-vegano-nos-eua-dizem-ter-recebido-ameacas-por-voltar-a-comer-carne/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/05/07/donos-de-restaurante-vegano-nos-eua-dizem-ter-recebido-ameacas-por-voltar-a-comer-carne/#respond Sun, 08 May 2016 01:00:22 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2016/05/engelhart-180x101.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1664 Matthew e Terces Engelhart, proprietários de duas famosas mas pequenas redes de estabelecimentos veganos na Califórnia, Café Gratitude e Gracias Madre, disseram recentemente ter sofrido ameaças de morte depois de terem declarado que passaram a comer carne.

O casal, que diz ter sido vegano por décadas, afirmou a “The Guardian”“The Hollywood Repoter” que as promessas foram feitas por veganos que se sentiram traídos –seriam estes fregueses da cafeteria ou do restaurante de comida mexicana.

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“Veja Matthew comendo seu primeiro hambúrguer [de carne bovina] em mais de 40 anos”, escreve Terces no blog da sua fazenda (Reprodução)
“Entristece-nos o fato de que escolhas que fizemos na privacidade de nosso lar tenham levado pessoas a se sentirem tão traídas que isso as fez ameaçar nossas vidas. Estou bastante desanimado”, disse Matthew. A transição teria mote ambiental e “espiritual” e aconteceu no ano passado.

O que motivou uma de suas empresas a divulgar uma declaração sobre a dieta pessoal dos fundadores foi a (re)circulação de imagens que mostravam Matthew comendo um hambúrguer, e carne em uma das geladeiras da fazenda dos dois, situada ao norte de San Francisco.

“À luz de recentes comentários, queremos assegurar que Café Gratitude e Gracias Madre sempre serviram e continuarão a servir pratos 100% orgânicos e baseados em plantas, preparados com ingredientes de fontes responsáveis de fazendeiros e fornecedores que compartilham de nosso comprometimento com a integridade do ambiente”, lê-se no comunicado.

“Os fundadores Matthew e Terces Engelhart não seguem, pessoalmente, uma dieta vegana. Eles residem em uma fazenda, uma propriedade privada, em Vacaville, Califórnia, onde praticam agricultura regenerativa e colhem uma produção orgânica para consumo pessoal e de amigos, família e vizinhos. Ainda que haja vacas e galinhas na fazenda, parte essencial de um sistema orgânico de fazenda, eles não estão vendendo os animais para consumo ou lucro.”

No blog, os Engelhart afirmam (em um post de março no ano passado) que a resposta para a inserção de carne em sua dieta é a “não-violência”, explicando (de maneira prolixa) que a indústria alimentícia, mesmo a vegana e orgânica, pode ser mais danosa que a criação e abate de gado em sua fazenda californiana.

O exemplo citado é uma margarina vegana e orgânica feita de óleo de canola canadense e ironicamente intitulada Earth Balance, “equilíbrio da Terra”. “Orgânico ou não esse produto requereu um processo que destruiu pradarias canadenses em um ato violento contra corujas, furões, cães-da-pradaria, dezenas de espécies de insetos e de aves. Se tal campo fosse mantido como pasto com vacas ou búfalos bem-gerenciados estas espécies não seriam mortas ou expulsas”, escreve Terces no blog.

“Precisamos de vacas para manter a Terra viva”, continua. “Vacas fazem um sacrifício extremo pela humanidade, mas esta é sua posição no plano de Deus como comida para predadores. Se soubesse de uma melhor ou qualquer outra solução, eu a escolheria.”

Carne empacotada por Matthew e Terces Engelhart em sua fazenda (Reprodução)

Pouco antes, haviam publicado: “Foi uma grande semana ao que começamos a fazer nossa transição para nossos próprios produtos de carne, após quase 40 anos de vegetarianismo. É uma transição que está acontecendo profundamente dentro de nós, e sabemos que é uma parte necessária e importante de nosso próprio crescimento, no sentido de sustentabilidade da nossa fazenda.”

“Certamente uma parte de nós quer ora negar a inevitabilidade da morte ou simplesmente não nos permitir ver sua realidade, para nossos animais e para nós mesmos”

Anos atrás, os empresários sofreram com processos de ex-funcionários de seus estabelecimentos e tiveram de fechar várias unidades, especialmente na baía de San Francisco. As alegações eram que os Engelhart praticavam uma divisão das gorjetas dadas por fregueses a garçons, a fim de premiar também os demais funcionários (incluindo gerentes), o que é ilegal no Estado.

Em um caso, uma funcionária afirmou ter sido demitida por recusar-se a participar de um curso considerado controverso, ministrado pela empresa Landmark Forum.

Uma filha do casal, Mollie Engelhart, é proprietária do restaurante vegano Sage, um dos mais conhecidos entre os vegetarianos em Los Angeles.

"Não apoie hipócritas": cartaz levado a ato pelo boicote de Café Gratitude e Gracias Madre na Califórnia (Reprodução/<a href="https://www.facebook.com/159330514465477/photos/a.159430967788765.1073741827.159330514465477/172659323132596/?type=3&theater">Facebook</a>)
“Não apoie hipócritas”: cartaz levado a ato pelo boicote de Café Gratitude e Gracias Madre na Califórnia (Reprodução/Facebook)

BOICOTE

Após o comunicado ser publicado, internautas reagiram, boa parte negativamente. Uma página foi criada no Facebook, hoje com 962 membros, com o nome “Boicote Café Gratitude e Gracias Madre”. As páginas de avaliação no site Yelp dos estabelecimentos receberam comentários negativos de pessoas que criticavam a alegada hipocrisia dos proprietários.

Ativistas influentes pelos direitos dos animais, como Leilani Münter e Jackie Day, criticaram a mudança. O cantor vegano Moby expressou publicamente sua reprovação para com os Engelhart:

Vacas são tão incríveis. Amigáveis, inteligentes, gentis e felizes só por estarem vivas. Nesse sentido, eu peço encarecidamente que Café Gratitude e Be Love Farm [a fazenda do casal] não apoiem a criação e a morte de animais. Adoro comer no Café Gratitude, mas me parte o coração ver seus proprietários deixarem o veganismo rumo ao ‘carnivorismo’. Animais não são nossos para comer, vestir ou fazer experimentos

 

No seu blog, “My Vegan Journal”, Jackie Day escreve: “Ainda estou feliz que estes restaurantes existem? Claro! Continuará deliciosa a comida que eles servem? Provavelmente. Mas estou feliz pelo fato de essas pessoas usarem o dinheiro dado a eles [por veganos] para comprar animais e matá-los? Não.”

Em resposta à publicação no Facebook pelos Engelhart, uma internauta, sob o nome Colette Rice, disse: “Isto me faz me sentir um pouco traída após anos apoiando-os. Não sou contra frequentar um lugar que não é vegano. Sou a favor, e incentivo que esses lugares expandam seus oferecimentos para veganos, e que trabalhem para tornar o veganismo lucrativo.”

“Mas isto [a mudança] vai de encontro ao que vocês dizem ser seus valores”, continuou. “Não compro a lógica de vocês e não posso apoiar esta escolha. Espero que mudem de ideia. Até lá… não voltarei. Muito triste. Muito decepcionada.”

AUTO-BOICOTE

Em uma análise no “Los Angeles Times”, o articulista (freguês do Café Gratitude e onívoro) Conor Friedersdorf levanta a bola de que os veganos que estão atacando os Engelhart podem estar mais atrapalhando que ajudando a causa. “Se o boicote for bem-sucedido, ou seja, que causem o fechamento ou a saúde dos negócios do Café Gratitude, quase certamente resultará em mais animais serem comidos”, escreve.

“Não acho que haja alguma outra organização que faça mais para promover uma dieta baseada em vegetais do que nós”, disse o casal ao “Hollywood Reporter”. “Transformamos [o veganismo] de dogma a um segmento [originalmente o termo usado foi “genre”, gênero]. Servimos 28 mil refeições por semana em nossas unidades. Não fazemos nada se não uma dieta livre de ingredientes animais em nossos restaurantes, e estamos sendo atacados. Isto não faz sentido.”

No seu artigo, Friedersdorf traça um paralelo entre o comportamento dos veganos que detraem a atitude do casal à ortodoxia de entusiastas de determinadas posições políticas e de crenças religiosas:

Como James Pinkerton disse certa vez, pagão é alguém que nunca acreditou no que você acredita; o pagão é um estranho, não há muito motivo para investir suas emoções nele. Mas um herege é alguém que você conhece bem, alguém que outrora creu no que você crê e agora tem uma fé diferente –isso é tão mais ameaçador. Você guerreia contra pagãos e tenta derrotá-los, até destrui-los. Mas contra os hereges medidas ainda mais duras são demandadas, sua ameaça é a de destruir a fé verdadeira. Então lança inquisições contra o herege para, assim, eliminar até o pensamento da heresia

(Pinkerton é um analista político que trabalhou na Presidência americana com Reagan e Bush pai)

Tamales, nachos e outros pratos do Gracias Madre (Divulgação)
Tamales, nachos e outros pratos do Gracias Madre em San Francisco (Divulgação)
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Cineasta cria campanha para financiar documentário sobre veganismo https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/05/07/cineasta-cria-campanha-para-financiar-documentario-sobre-veganismo/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/05/07/cineasta-cria-campanha-para-financiar-documentario-sobre-veganismo/#respond Sat, 07 May 2016 19:18:35 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2016/05/12828324_1063400283723689_7444998942355296605_o-180x101.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1661 O cineasta Juliano Grafite, criador do documentário “A Transição”,  lançou no site Kickante uma página para angariar verbas para seu próximo longametragem, intitulado “Quando Me Tornei Vegano”, que figurará a política Soninha Francine, a nutricionista e webcelebridade Paula Gandin e o músico João Gordo.

A meta do financiamento coletivo é R$ 90 mil, e, atualmente com cerca de 15% arrecadados. Há oito dias restantes até o fim da campanha no site. Ao fim do período, o dinheiro será utilizado para o projeto, independentemente do montante acumulado.

Entre as recompensas, estão nome nos créditos (R$ 15); ingresso para ver o filme no cinema (R$ 45); link para ver o vídeo online (R$ 100); consultoria sobre nutrição com a nutróloga Amarantha Ribas (R$ 200).

A ideia, nas palavras de grafite, é retratar “o processo de transição para o vegetarianismo e veganismo e a partir de vários de depoimentos de veganos, médicos, famosos, atletas e especialistas para falar qual é o caminho das pedras para seguir neste estilo de vida livre de produtos de origem animal.”

“Até a ONU diz que o planeta não suporta o impacto ambiental que a criação e o abate de animais geram, e pretendemos ajudar as pessoas a receberem esta informação”, diz.

A produção é do estúdio Ganesh Filmes. Ao contribuir, o internauta pode escolher doar parte do dinheiro investido (dependendo do valor).

Campanha para o financiamento de “Quando Me Tornei Vegano” no Kickante

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Superbom lança cream cheese vegano e novos sabores do seu queijo vegetal https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/05/07/superbom-lanca-cream-cheese-vegano-e-novos-sabores-do-seu-queijo-vegetal/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/05/07/superbom-lanca-cream-cheese-vegano-e-novos-sabores-do-seu-queijo-vegetal/#respond Sat, 07 May 2016 18:56:28 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2016/05/cs1-180x98.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1656 A empresa paulistana Superbom lançou nesta semana o que diz ser o primeiro cream cheese vegano brasileiro (apesar de contrapartidas “caseiras” e de marcas gringas, como a Tofutti, serem encontradas esporadicamente em feiras e mercadinhos), nos sabores tradicional, azeitona preta, alho e salsa e tomate seco. A companhia do Capão Redondo (zona sul) introduziu também três novas versões do seu queijo sem ingredientes de origem animal: cheddar, parmesão e light.

“A repercussão foi maravilhosa”, diz ao Veg Cristina Ferreira, gerente industrial da Superbom, sobre o Vegan Cheese, lançado há um ano pela marca. Segundo ela, não só veganos se sentiram agraciados pela novidade, mas também os intolerantes ou alérgicos à lactose e também onívoros. “Surpreendemo-nos com o número de pessoas sem nenhum tipo de intolerância alimentar que nos procuraram para felicitar sobre a inovação e pela iniciativa de buscar opções saudáveis.”

Os preços para os novos produtos não foram divulgados pela companhia. “Devem ficar muito próximos aos outros sabores [do queijo]. Sobre a linha nova do cream cheese, com certeza teremos um acessível para nossos consumidores.”

Infelizmente, os custos para o consumidor não devem cair caso a produção seja ampliada, segundo Ferreira. “Difícil falar em queda, pois muitos ingredientes são importados e dependemos do cambio”, afirma, adicionando que, apesar disso, a empresa está se esforçando para fazer caírem os preços, que são criticados pela falta de acessibilidade por alguns consumidores.

Cream cheese vegano da Superbom (Divulgação)
Cream cheese vegano da Superbom (Divulgação)

Os lançamentos foram realizados durante uma feira de produtos alimentícios, a Apas, em São Paulo. Segundo a empresa, o momento é oportuno, porque a demanda por industrializados considerados saudáveis tem aumentado rapidamente.

“Existem mercados mais consolidados na Europa, mas não vejo uma grande diferença”, diz a engenheira. “Fatores como a preocupação com saúde, qualidade de vida e meio ambiente estão em alta, o que incide em maior conscientização.”

Segundo ela, internet e, mais especificamente, redes sociais, ajudam nesse processo. “As pessoas se agrupam em comunidades e oferecem informações e dicas sobre vegetarianismo e saúde. Acho isso fantástico.”

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Uma a cada quatro refeições da Olimpíada será vegana, diz Sociedade Vegetariana Brasileira https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/04/28/uma-a-cada-quatro-refeicoes-da-olimpiada-sera-vegana-diz-sociedade-vegetariana-brasileira/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/04/28/uma-a-cada-quatro-refeicoes-da-olimpiada-sera-vegana-diz-sociedade-vegetariana-brasileira/#comments Thu, 28 Apr 2016 18:28:48 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2016/04/carl-lewis-7-146x180.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1647 Segundo um levantamento da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), 24% das refeições de atletas e visitantes durante os Jogos Olímpicos do Rio, que serão realizados entre 5 e 21 de agosto, serão estritamente vegetarianas.

A estimativa, segundo a ONG, é baseada na proporção de refeições vegetarianas consumidas por oníviros (dados de uma pesquisa realizada nos EUA) e no percentual de vegetarianos visitantes dos jogos de cada país (dados do Anuário Estatístico de Turismo), levando-se em consideração as populações vegetarianas desses países.

A SVB diz ter-se reunido com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para garantir que toda refeição oferecida às delegações terá ao menos uma opção vegana. O oferecimento de comida sem ingredientes de origem animal atende outras dietas, como kosher, hindu, adventista, à maior parte dos alérgicos e dos intolerantes a lactose.

Venus Williams, que venceu o ouro ao lado de sua irmã Serena em Londres-2012 após ter-se tornado vegana (Reuters)
Venus Williams, que venceu o ouro ao lado de sua irmã Serena em Londres-2012 após ter-se tornado vegana (Reuters)

“Queremos garantira oferta apropriada de opções alimentares para este público, que representa uma parcela substancial da população de brasileiros e estrangeiros”, escreveu em comunicado Guilherme Carvalho, diretor da SVB. Haverá 86 pontos de venda de comida oficiais, segundo o COB.

O Ministério do Turismo afirmou no ano passado que espera entre 250 mil e 350 mil visitantes estrangeiros só no Rio durante a Olimpíada.

(imagem de cabeçalho de Carl Lewis, atleta americano que ganhou três dos seus nove ouros olímpicos depois de ter-se tornado vegano; foto: reprodução/people-db.com)

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Veganismo pode poupar milhões de vidas e US$ 1 tri por ano mundialmente, diz Universidade de Oxford https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/04/05/veganismo-pode-poupar-milhoes-de-vidas-e-us-1-tri-por-ano-mundialmente-diz-universidade-de-oxford/ https://veg.blogfolha.uol.com.br/2016/04/05/veganismo-pode-poupar-milhoes-de-vidas-e-us-1-tri-por-ano-mundialmente-diz-universidade-de-oxford/#comments Tue, 05 Apr 2016 20:55:32 +0000 https://veg.blogfolha.uol.com.br/files/2016/04/22237234188_40cd6a3246_k-180x136.jpg http://veg.blogfolha.uol.com.br/?p=1631 Uma mudança na dieta da população mundial, com um menor consumo de produtos de origem animal e maior participação dos de origem vegetal, pode reduzir a mortalidade global de 6% a 10% e as emissões de gases-estufa em entre 29% e 70% até 2050 (se o cenário for comparado a uma projeção com as tendências atuais), diz um estudo de cientistas da Universidade de Oxford (Reino Unido).

Segundo os pesquisadores, de um núcleo especializado na evolução da alimentação humana, sob o Departamento de Zoologia da instituição britânica, a adoção generalizada do veganismo pode poupar à economia global entre US$ 1 trilhão e US$ 31 trilhões por ano em gastos relacionados à saúde pública, o que representaria de 0,4% a 13% do PIB do mundo inteiro projetado para aquele ano.

O sistema alimentício [produção, processamento, consumo, rejeito] é responsável por mais de um quarto de toda a emissão de gases-estufa, enquanto dietas pouco saudáveis e gordura corpórea em demasia estão entre os maiores fatores de mortalidade prematura. Quanto menor a participação de alimentos provenientes de animais, maiores serão os benefícios à saúde e ao clima

“Na maior parte do mundo, dietas pobres em frutas e vegetais e ricas em carnes vermelha e processada são responsáveis pelo maior fator de dano à saúde”, disse Marco Springmann, que liderou o estudo, a “The Guardian”.

O estudo foi publicado pelo periódico científico PNAS (Procedimentos da Academia Nacional de Ciências dos EUA, na sigla em inglês).

A pesquisa aponta que 5,1 milhões de mortes prematuras podem ser evitadas até 2020 só com a aplicação das diretrizes alimentícias gerais, feitas por órgãos como a Organização Mundial da Saúde. No caso da adoção generalizada do ovolactovegetarianismo, 7,3 milhões delas seriam prevenidas; com o veganismo, seriam 8,1 milhões.

Para estimar o montante que seria poupado por causa da adoção do vegetarianismo/veganismo, os pesquisadores levaram em consideração os custos governamentais e privados envolvidos no tratamento de doenças causadas pela má alimentação e no impacto econômico sobre os pacientes, seus familiares, empregadores e empregados etc.

Seguindo apenas as diretrizes alimentares, seriam economizados US$ 21 trilhões por ano (cerca de R$ 77 trilhões) se levados em consideração o impacto econômico não só dos custos em saúde, mas também das consequências acarretadas pelas mortes com raiz em dietas ricas em carnes vermelhas e processadas.

Só considerado o gasto com saúde pública, as vantagens das dietas onívora e considerada saudável, vegetariana e vegana seriam, respectivamente, de US$ 735 bilhões, US$ 973 bilhões e US$ 1,07 trilhão.

O cenário de referência é a projeção feita pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) adaptada com ajustes (levando em consideração a porção de alimentos não aproveitáveis e os não aproveitados), segundo os pesquisadores.

A menor emissão de gases-estufa também tem benefícios econômicos, evidentemente difíceis de mensurar. A estimativa dos cientistas é que a dieta onívora saudável teria um impacto de US$ 234 bilhões nesse sentido, ante US$ 511 bilhões da vegetariana e US$ 570 bilhões da vegana.

As mudanças necessárias não seriam pequenas. O consumo global de frutas a fim de seguir uma dieta de acordo com as recomendações da OMS teria de ser expandido em 25% (na América Latina, 39%); para seguir a dieta vegetariana, teria de ser 39% maior; na vegana, 54% maior. O consumo de leguminosas teria de ser 324% superior nas três dietas.

Impacto econômico projetado para 2050 em relação à de dietas onívora e saudável (HGD); ovolactovegetariana (VGT); e vegana (VGN). Eixo y (vertical) em trilhões de dólares (Reprodução/pnas.org)
Impacto econômico projetado para 2050 em relação à de dietas onívora e saudável (HGD); ovolactovegetariana (VGT); e vegana (VGN). Eixo y (vertical) em trilhões de dólares. SCC representa a economia derivada da menor emissão de gases-estufa; “Direct CoI”, custo direto de doenças, é a economia derivada da pressão exercida sobre o sistema de saúde pública por pessoas enfermas graças à dieta; “Total CoI” é “Direct CoI” somada ao impacto indireto por essas pessoas não saudáveis, como os dias em que elas ou que parentes têm de faltar ao trabalho e a perda de produtividade (Reprodução/pnas.org)
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