‘Voltar a comer carne foi um erro’, diz escritor inglês em texto

Yuri Gonzaga

O escritor George Monbiot, colunista semanal sobre política britânica no jornal inglês “The Guardian” e autor de livros sobre ambientalismo e economia, publicou em um texto pessoal mas bem-embasado no periódico em questão a confissão de que considerou um erro ter “relativizado” sua atitude como vegetariano.

Monbiot conta que voltou atrás na dieta que inclui carnes de animais ao ler um livro de Simon Fairlie, no qual argumenta-se que a pecuária não causaria impacto ambiental significativo (um erro), já que o gado se alimenta de grama e de subprodutos agrícolas que humanos não comem.

Foto: Orin Zebest/Flickr.com/Creative Commons
Foto: Orin Zebest/Flickr.com/Creative Commons

“Desde então, duas coisas me persuadiram de que mudar de ideia foi um erro. A primeira é que meu artigo foi usado por fazendeiros industriais para justificar suas práticas monstruosas”, escreveu no artigo, publicado traduzido pelo site “Outras Palavras” nesta terça (6).

Ele argumenta que somos cúmplices da cultura de esconder as práticas das fazendas pecuaristas e dos frigoríficos e abatedouros, já que, segundo ele, não queremos enxergar o que verdadeiramente se passa para que um bife –ou um toucinho, um peito de frango, copo de leite– chegue ao supermercado.

Cita o estudo tratado neste “Veg” que aponta para um enorme índice de desistência entre os americanos que aboliram por algum tempo a carne de suas dietas (84% voltam atrás, segundo o relatório do Human Research Council).

Monbiot afirma que, além de mantermos longe de nossos olhos (e mentes) as condições dos animais, também achamos difícil. “Podemos [até] saber que está errado, mas bloqueamos nossos ouvidos e seguimos em frente.”

Em contraproposta, sugere que a carne seja mantida no cardápio de maneira “extraordinária” em vez de como um “direito” cotidiano, consumida ora mensalmente ora em ocasiões como o Natal ou outras datas especiais –o título original do artigo, em inglês e publicado no dia 16 de dezembro no “Guardian”, é “se você tem de comer carne, guarde isso para o Natal.”

Assim como 37% dos entrevistados pelo Human Research Council para o estudo citado, que afirmaram ter a intenção de voltar a ser vegetarianos, Monbiot repensou (novamente) sua dieta e abandonou o hábito de comer carne.

Na minha opinião, é válida qualquer tentativa de reduzir o consumo de produtos de origem animal. Acho importante a adoção gradual e mesmo imperfeita, rendendo-se a um prato ou outro com ingredientes “proibidos”, a fim de manter-se nessa direção. O que o leitor acha?