USP adota dia sem carne no campus de Piracicaba

Yuri Gonzaga

A USP em Piracicaba (a 160 km da capital paulista) abraçou –e adaptou– a iniciativa Segunda Sem Carne e, na semana passada, serviu só refeições vegetarianas na quarta-feira (29). Segundo a responsável pela iniciativa –apoiada por uma pesquisa de opinião– a ideia é reduzir o impacto ambiental do restaurante e melhorar a nutrição dos estudantes.

“São várias vertentes [as que levaram à novidade], principalmente a ecológica e a nutricional. Há um consumo exageradíssimo de carne pelos frequentadores do restaurante”, diz Paula T. Poeta, nutricionista responsável pelo cardápio das cerca de 1.700 refeições diárias servidas na unidade.

Mascotes da Segunda Sem Carne no restaurante universitário da Esalq-USP (Divulgação)
Mascotes da Segunda Sem Carne no restaurante universitário da Esalq-USP (Divulgação)

O campus piracicabano segue a Faculdade de Saúde Pública da mesma universidade, que adotou uma segunda-feira sem carne por mês em 2012 (veja o vídeo ao fim do texto). Poeta diz que, dependendo da aceitação do projeto, pode sugerir aos responsáveis pelos restaurantes dos demais campi para unirem-se ao projeto.

O dia sem carne em Piracicaba será repetido quinzenalmente, com rodízio no dia da semana.

“É uma forma de educar e de apresentar novos sabores, aliando-se à sustentabilidade”, diz Poeta, que tocou o projeto em conjunto com o grupo HSI (Humane Society International), com o centro acadêmico CALQ  e o USP Recicla.

“Somente no almoço, a quantidade de carne ingerida por pessoa no restaurante universitário é de aproximadamente 200 g, e o recomendado pelo Ministério da Saúde é de uma porção entre 90 g e 100 g por dia, dependendo do tipo de carne”, disse Ana Meira, do USP Recicla, em comunicado.

A adesão ao projeto permitirá a economia de 14 toneladas de carne e os resultantes 140 milhões de litros de água, segundo a universidade.

Uma pesquisa com 602 alunos, funcionários e professores do campus foi realizada antes da implementação do projeto e apontou para uma maioria, composta por 72% dos entrevistados, a favor do dia sem carne.

O restaurante do campus, que é conhecido por abrigar a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), serve diariamente alternativas aos pratos principais com carne: ovos ou um preparado vegano de proteína de soja texturizada.

Os pratos principais nos dias sem carne serão sempre ovolactovegetarianos, segundo Poeta, para não causar um grande “choque” no público frequentador. Na quarta passada, foram servidos escondidinho de brócolis e torta de ricota aos universitários.

A refeição, oferecida às pessoas ligadas à unidade, custa R$ 1,90.

Apesar de encontrar adversários entre os próprios vegetarianos, a abordagem gradual para a dieta livre de ingredientes de origem animal é uma das recomendações institucionais feitas por grandes grupos veganos, como a Peta.

Outros restaurantes da USP, como os dos campi de São Carlos e de São Paulo, também oferecem a opção vegetariana, com a famigerada PVT (proteína vegetal texturizada).