Estudo diz que vegetariano pode causar mais dano ambiental e cria polêmica
Um estudo publicado pela Universidade Carnegie Mellon (EUA) na segunda-feira passada (14) contradisse o que relatórios e pesquisas anteriores, inclusive de órgãos como a ONU, haviam proposto: segundo o artigo, as dietas livres de ingredientes de origem animal causariam potencialmente mais danos ecológicos que as carregadas em carne.
A premissa do estudo, assinado por Chris Henderson, Michelle Tom e Paul Fischbeck, da Faculdade de Engenharia, é que os vegetais têm uma “pegada de carbono” superior quando levada em consideração só sua densidade calórica.
Em outras palavras, como diz o subtítulo da notícia que anuncia o estudo, “alface é mais que três vezes pior em [emissão de] gases-estufa do que bacon”.
Isso gerou uma imediata reação de ativistas como os da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) e do site Vista-se, para mencionar brasileiros.
O estudo não foi tão criticado quanto a abordagem que lhe foi dada –vale dizer que a própria universidade deu enfoque sensacionalista ao artigo, aparentemente com o aval de ao menos um dos pesquisadores, que fez a esdrúxula comparação entre a hortaliça e toucinho.
É claro que um alimento composto em grande parte por gordura tem uma “vantagem” calórica grande sobre os demais, já que cada grama de lipídios tem em si nove calorias, ante as 4 kcal/g de carboidratos e proteínas. Rica em fibra alimentar (0 kcal) e água (0 kcal), a alface é carregada de micronutrientes, assim como são muitos dos vegetais.
(Um relativamente famoso índice de densidade nutricional, intitulado ANDI, faz uma razão entre a quantidade de micronutrientes sobre as calorias de alimentos e, claro, carnes estão longe de ser bem-posicionadas)
Entre os pontos levantados pelo departamento de meio ambiente da SVB no artigo que rebate o estudo estão:
- A pesquisa leva em consideração primordialmente a produção de frutas e vegetais na Califórnia, Estado em que, dadas as condições climáticas, a agricultura exige irrigação intensiva
- “É importante compreender que, por uma questão simples de termodinâmica, não há como a produção de alimentos de origem animal ser mais econômica do que a produção de alimentos de origem vegetal pois há, necessariamente, perda de energia quando esta é transferida de um nível trófico para o outro”
- “Os autores pressupõem perdas na produção de alimentos vegetais substancialmente maiores do que as perdas na produção de alimentos de origem animal, ainda que os animais tenham sido alimentados com cultivos vegetais”
Fabio Chaves, do Vista-se, escreve:
Não ficaremos surpresos se, em breve, um outro estudo nessa linha de raciocínio concluir o seguinte: “Caminhar é mais prejudicial à saúde do que andar de carro”. Para chegar a essa manchete, bastaria considerar a distância entre Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Fortaleza, a capital do Ceará. Os 4.000 km de distância poderiam ser percorridos de carro e de forma tranquila em 7 dias, parando para dormir e conhecendo outras cidades. Já caminhando, seriam 32 dias andando dia e noite sem parar. É fácil concluir, dessa forma, o que seria mais prejudicial à saúde.
No britânico IBTimes, o jornalista James Tennent, junto com India Ashok, escreve que há achados interessantes no estudo, como a confirmação de que frutos do mar, carne e laticínios são os mais danosos alimentos quando levado em consideração o aspecto ambiental; e que as pessoas simplesmente comem demais.
“É uma equação muito simples: se comêssemos menos, produziríamos menos e o impacto [ecológico] diminuiria”, escreve. “O estudo estima que o americano consome em média 200 mais calorias do que o recomendado. Comer menos não só reduziria nossa pegada de carbono, mas também ajudaria com outras questões no mundo ocidental, como a epidemia de obesidade.”
Fora isso, Tennent levanta a questão de que os governos deveriam criar diretrizes alimentares levando em consideração não só a saúde, mas também o ambiente.
Leia também: Grupo britânico demanda redução no consumo de carne para frear aquecimento global
Uma palavra neste estudo e em varios similares me chama a atenção! Governo. O governo… Politicas de estado… Governo. Os individuos seriam tão tolos que “O Govermo” faria politicas disso e daquilo! Este mesmo governo que não consegue nem mesmo aplicar politicas de saude publica badoca tais como esgoto e higiene! Chega de estado! Chega de devisões de burocratas que nada sabem conandando com politicas inuteis nosso dia-a-dia! Chega de babás governamentais!! Dêem o resultado e os individuos escolherão! Nem todos são tão debeis mentais cono os burocratas inuteis do governo. Não nos digam o que fazer! Nos informem e nós devidimos! Isso sem falar que este é o pretexto para a criação de mais uma repartição publica inutil e cheia de funcionarios publicos igualmente inuteis!!!
Yuri Gonzaga, você é uma verdadeira vergonha para o jornalismo brasileiro. Utilizando-se de uma coluna, em tese, vegana, para falar de estudos fajutos, sem trazer uma visão crítica para o assunto.
Você é só mais um comprado pela indústria pecuarista desse país.
Suas matérias NUNCA são publicadas no Facebook. Mas, desta vez, como era algo que colocava a dieta vegana em “xeque” resolveram publicar… Eu teria vergonha de estar no seu lugar.
Oi Marcos, agradeço a leitura e o comentário. Imagino que tenha lido o texto e a visão crítica que ele contém, na minha opinião. Não entendi o que quis dizer com o fato de os textos “nunca” serem publicados no Facebook, mas não tenho vergonha de estar no meu lugar, independentemente disso.
Seus textos da coluna VEG raramente são publicados na página oficial da Folha de SP (qual o critério de escolha?).
No mais, já deixei minha explicação no Facebook. Qualquer jornalista sabe o quanto um título mal colocado pode influenciar negativamente o público desinformado e preguiçoso. Acredito que, quanto a isso, não preciso ficar dando explicações, pois é algo básico no meio jornalístico.
Por que não colocar no título: “Estudo falacioso” ou “Estudo enganoso” induz consumidor ao erro?
Ei Marcos,
Acho que o público ser desinformado e preguiçoso é problema do público, não do jornalista. Quem lê a matéria por completo entende que o estudo pode ser sensacionalista, tendencioso e induzir ao erro. Aliás, o jornalista como imparcial, não tem poderes para avaliar o estudo e dizer que este induz ao erro. Achei a a matéria informativa e seu ataque ao Yuri Gonzaga exagerado.
Obs.: Não conheço Yuri Gonzaga, não sou “fã” e não ganho nada escrevendo isso, é só minha opinião.
Cada um coma o que lhe aprouver, sem encher o saco do próximo. Feliz 2016!