Veganismo pode poupar milhões de vidas e US$ 1 tri por ano mundialmente, diz Universidade de Oxford

Uma mudança na dieta da população mundial, com um menor consumo de produtos de origem animal e maior participação dos de origem vegetal, pode reduzir a mortalidade global de 6% a 10% e as emissões de gases-estufa em entre 29% e 70% até 2050 (se o cenário for comparado a uma projeção com as tendências atuais), diz um estudo de cientistas da Universidade de Oxford (Reino Unido).

Segundo os pesquisadores, de um núcleo especializado na evolução da alimentação humana, sob o Departamento de Zoologia da instituição britânica, a adoção generalizada do veganismo pode poupar à economia global entre US$ 1 trilhão e US$ 31 trilhões por ano em gastos relacionados à saúde pública, o que representaria de 0,4% a 13% do PIB do mundo inteiro projetado para aquele ano.

O sistema alimentício [produção, processamento, consumo, rejeito] é responsável por mais de um quarto de toda a emissão de gases-estufa, enquanto dietas pouco saudáveis e gordura corpórea em demasia estão entre os maiores fatores de mortalidade prematura. Quanto menor a participação de alimentos provenientes de animais, maiores serão os benefícios à saúde e ao clima

“Na maior parte do mundo, dietas pobres em frutas e vegetais e ricas em carnes vermelha e processada são responsáveis pelo maior fator de dano à saúde”, disse Marco Springmann, que liderou o estudo, a “The Guardian”.

O estudo foi publicado pelo periódico científico PNAS (Procedimentos da Academia Nacional de Ciências dos EUA, na sigla em inglês).

A pesquisa aponta que 5,1 milhões de mortes prematuras podem ser evitadas até 2020 só com a aplicação das diretrizes alimentícias gerais, feitas por órgãos como a Organização Mundial da Saúde. No caso da adoção generalizada do ovolactovegetarianismo, 7,3 milhões delas seriam prevenidas; com o veganismo, seriam 8,1 milhões.

Para estimar o montante que seria poupado por causa da adoção do vegetarianismo/veganismo, os pesquisadores levaram em consideração os custos governamentais e privados envolvidos no tratamento de doenças causadas pela má alimentação e no impacto econômico sobre os pacientes, seus familiares, empregadores e empregados etc.

Seguindo apenas as diretrizes alimentares, seriam economizados US$ 21 trilhões por ano (cerca de R$ 77 trilhões) se levados em consideração o impacto econômico não só dos custos em saúde, mas também das consequências acarretadas pelas mortes com raiz em dietas ricas em carnes vermelhas e processadas.

Só considerado o gasto com saúde pública, as vantagens das dietas onívora e considerada saudável, vegetariana e vegana seriam, respectivamente, de US$ 735 bilhões, US$ 973 bilhões e US$ 1,07 trilhão.

O cenário de referência é a projeção feita pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) adaptada com ajustes (levando em consideração a porção de alimentos não aproveitáveis e os não aproveitados), segundo os pesquisadores.

A menor emissão de gases-estufa também tem benefícios econômicos, evidentemente difíceis de mensurar. A estimativa dos cientistas é que a dieta onívora saudável teria um impacto de US$ 234 bilhões nesse sentido, ante US$ 511 bilhões da vegetariana e US$ 570 bilhões da vegana.

As mudanças necessárias não seriam pequenas. O consumo global de frutas a fim de seguir uma dieta de acordo com as recomendações da OMS teria de ser expandido em 25% (na América Latina, 39%); para seguir a dieta vegetariana, teria de ser 39% maior; na vegana, 54% maior. O consumo de leguminosas teria de ser 324% superior nas três dietas.

Impacto econômico projetado para 2050 em relação à de dietas onívora e saudável (HGD); ovolactovegetariana (VGT); e vegana (VGN). Eixo y (vertical) em trilhões de dólares (Reprodução/pnas.org)
Impacto econômico projetado para 2050 em relação à de dietas onívora e saudável (HGD); ovolactovegetariana (VGT); e vegana (VGN). Eixo y (vertical) em trilhões de dólares. SCC representa a economia derivada da menor emissão de gases-estufa; “Direct CoI”, custo direto de doenças, é a economia derivada da pressão exercida sobre o sistema de saúde pública por pessoas enfermas graças à dieta; “Total CoI” é “Direct CoI” somada ao impacto indireto por essas pessoas não saudáveis, como os dias em que elas ou que parentes têm de faltar ao trabalho e a perda de produtividade (Reprodução/pnas.org)

Comentários

  1. Absurda a proposta do bloguista Yuri. Será que ele se esqueceu de analisar que o veganismo pode produzir uma super população mundial em virtude da poupança de milhões de vidas e com isso tornar o paneta inabitável. Também é importante considerar a diminuição do sequestro de carbono pelo consumo das plantações de verduras e legumes nas quantidades necessárias à alimentação de quase 8 bilhões de habitantes já existentes no planeta terra, e com possibilidades de aumento conforme o artigo em comento. De se considerar também o crime contra a natureza eliminando plantinhas tão frágeis e indefesas, coitadas. Logo serão criadas ONGs de defesa das plantas pelo inominável crime da dieta VEGANA.

    1. Estão a produzir-se e sacrificar-se para a alimentação humana de carnes, lacticínios, etc, imensos animais, seres sencientes, o que sucede em condições mais ou menos despesistas e em sofrimento, seguindo-se transportes agressivos e poluentes e abates, tudo isto despesista e provocando enorme sofrimento.
      São necessárias enormes superfícies terrestres destruindo e substituindo florestas para serem fornecidas as enormes quantidades de vegetais necessárias ao desenvolvimento desses animais.
      O aumento de consumo de vegetais para uma alimentação humana vegetariana exclusiva aumentaria alguma produção, mas isso seria largamente compensado pela enorme redução da quantidade de vegetais não mais necessários para produzir animais.
      Permitiria a recuperação de florestas, dos mares e da sua vida, enormes melhorias climáticas, vantagens para a saúde da humanidade etc, etc.,

  2. Ótimo artigo. Vale lembrar que não usar maconha, cocaína, crack, e outras drogas ilícitas também poupa vidas (em vários sentidos) e recursos do sistema público de saúde. Comer pouco e se exercitar também. Usar camisinha também. Mas enquanto as liberdades individuais existirem, ninguém está legalmente obrigado a abraçar este ou aquele estilo de vida. E o mundo continua girando.

Comments are closed.